Dar o dízimo ainda é obrigatório? Essa é uma pergunta que muitos cristãos fazem ao longo de suas jornadas espirituais.
Será que a prática de dar 10% do que recebemos, como ensina o Antigo Testamento, ainda se aplica? Será que ainda devemos dar o dízimo ou será que essa é uma visão que precisa ser adaptada para nossa realidade contemporânea?
Neste post, exploraremos o tema com base nas Escrituras, examinando o coração por trás do dízimo e as ofertas, e trazendo uma perspectiva prática para os dias de hoje.
O Que é o Dízimo? Origem e Contexto Bíblico
O dízimo, que significa “a décima parte”, tem suas raízes no Antigo Testamento. Era uma prática usada para sustentar o sistema religioso e social de Israel. Para entender melhor, vamos explorar sua origem:
- A Oferta de Caim e Abel: Antes mesmo do dízimo ser instituído, a oferta já era uma prática comum, como visto em Gênesis 4. A quantia ou porcentagem não era especificada, mas o coração de gratidão era o elemento central.
- Abraão e Melquisedeque: Em Gênesis 14, Abraão oferece 10% a Melquisedeque, rei de Salém. Isso reflete uma prática cultural da época, mas não estabelece uma regra fixa para todos os seguidores de Deus.
- As Leis de Moisés: Em Levítico, Números e Deuteronômio, o dízimo é formalizado como parte da lei de Israel. Era uma forma de sustentar os levitas, ajudar os necessitados e manter o culto. Contudo, os dízimos e ofertas combinados somavam mais de 10%, chegando a 23,3% anualmente quando somadas todas as obrigações.
O Dízimo no Novo Testamento: Jesus e a Oferta Generosa
Será que essas mesmas leis persistem e ainda devemos dar o dízimo?
No Novo Testamento, Jesus não dá uma ordem direta para continuar ou abolir o dízimo. No entanto, Ele ensina sobre o coração generoso em várias passagens:
- A Viúva Pobre (Lucas 21:1-4): Jesus elogia a viúva que deu “tudo o que tinha”, mostrando que a generosidade é mais importante que a quantia.
- “Dai a César o que é de César” (Mateus 22:21): Aqui, Jesus destaca a responsabilidade de ser íntegro com os recursos, mas não menciona uma regra específica sobre dízimos.
- Paulo e a Oferta Generosa (1 Coríntios 16:2): Paulo incentiva os cristãos a separar uma quantia conforme sua renda, destacando que a contribuição deve ser proporcional e intencional.
O Que Importa Mais: Percentagem ou Coração?
Quando falamos sobre dízimos e ofertas, uma pergunta comum é: o que realmente importa para Deus? É a quantia que damos ou o coração por trás da doação?
A resposta é clara ao olharmos para a Bíblia: Deus não se importa tanto com números, mas com a intenção do nosso coração. A prática de contribuir é uma oportunidade para mostrar gratidão, generosidade e compromisso com Ele.
1. Gratidão: Tudo o Que Temos Vem de Deus
Nossa oferta deve começar com um coração grato. A Bíblia nos lembra que Deus é a fonte de todas as coisas. Como diz o salmista:
- “Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe” (Salmos 24:1).
Quando reconhecemos que nossas posses são bênçãos de Deus, nossa perspectiva muda. Ofertar deixa de ser uma obrigação e se torna um ato de louvor.
Além disso, a gratidão nos ajuda a confiar em Deus como nosso provedor. Quando damos com gratidão, declaramos que Ele é suficiente e que tudo o que precisamos está n’Ele.
2. Generosidade: Contribuir com Alegria e Amor
Generosidade é um reflexo direto do caráter de Deus. Ele nos deu o maior presente: Seu Filho.
O apóstolo Paulo escreveu:
“Deus ama quem dá com alegria” (2 Coríntios 9:7).
Dar generosamente não significa apenas grandes valores. O exemplo da viúva pobre em Marcos 12:41-44 nos ensina que Deus se agrada de quem dá de coração, mesmo que seja pouco.
Quando contribuímos para o Reino de Deus, estamos investindo em vidas. Seja ajudando necessitados, apoiando missões ou sustentando projetos da igreja, nossa generosidade ecoa o amor de Cristo ao mundo.
3. Compromisso: Sustentar a Obra de Deus Regularmente
O compromisso em ofertar demonstra nossa fidelidade. No Antigo Testamento, o dízimo era uma prática que sustentava os sacerdotes e mantinha o templo funcionando. Hoje, nossas ofertas regulares cumprem um propósito semelhante.
Contribuir de forma consistente garante que a obra de Deus avance. Mas mais do que isso, nos lembra de nossas prioridades espirituais.
Jesus nos advertiu:
“Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:21).
Quando priorizamos o Reino de Deus em nossas finanças, mostramos que confiamos mais em Suas promessas do que em nossa segurança material.
Práticas Contemporâneas: Como Ofertar Hoje?
Para muitos, 10% pode ser um valor desafiador. Para outros, pode ser apenas o começo de uma vida de generosidade. É importante refletir sobre sua realidade e buscar formas de contribuir:
- Avalie Sua Situação: Se você está passando por dificuldades financeiras, comece com o que pode. Até 2% ou 5% podem ser significativos quando dados com alegria.
- Desafie Sua Generosidade: Independente de quanto ganhe, nunca deixe de doar e ofertar com alegria e paz no coração. Para quem tem mais, considere ir além dos 10%. Algumas pessoas escolhem doar 20%, 30%, ou até mais, como um exercício de fé e generosidade.
- Planeje Suas Finanças: Organizar seu orçamento pode ajudar a priorizar o dízimo e as ofertas. Use planilhas ou aplicativos para gerenciar seus recursos.
Recursos Recomendados
Para quem deseja aprofundar sua compreensão sobre o tema, aqui estão dois livros indispensáveis que dialogam com a questão se devemos ou não dar o dízimo hoje:
- Deus e o Dinheiro – Um estudo detalhado sobre o coração generoso e a mordomia cristã.
- Dízimo: O Que Mais Importa de Mateus Ortega – Com uma abordagem prática e cultural, este livro oferece insights preciosos para o contexto brasileiro.
Conclusão: Dízimos e Ofertas Como Estilo de Vida
Não, não devemos dar o dízimo hoje, mas isso não significa que daremos menos. A ética do Reino nos ensina a doar assim Cristo se doou por nós.
O dízimo, mais do que uma regra fixa, é uma oportunidade de praticar a generosidade e confiar em Deus. A porcentagem, seja 10%, 20%, ou mais, é menos importante do que o coração por trás da doação. Como cristãos, somos chamados a contribuir com alegria, intencionalidade e fé.
Que nossas contribuições sejam feitas com:
- Gratidão, reconhecendo que tudo pertence a Deus;
- Generosidade, refletindo o caráter do nosso Pai celestial;
- Compromisso, sustentando a obra de Deus com fidelidade.
Assim, cada oferta se torna uma expressão de adoração, um ato que honra a Deus e impacta o mundo para o avanço do Seu Reino.